Lula e Trump na Malásia: O Xeque-Mate Narrativo que Abre 2026

Análise opinativa:
Eram quase 9h da manhã deste domingo (26/10) quando o perfil oficial do Governo Federal publicou a foto: Lula e Trump lado a lado, sorrindo, com a legenda simples — “Diálogo, sempre. ”
O registro, feito durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, pode parecer apenas mais um cumprimento de agenda diplomática, mas, na prática, simboliza um movimento político cuidadosamente calculado pelo presidente brasileiro.
Ultimamente, as relações entre Washington e Brasília vinham tensas. Tudo começou quando Donald Trump decidiu retaliar o Brasil com tarifas de até 50% sobre produtos como aço, alumínio, etanol e carne bovina, um golpe direto sobre setores-chave da exportação brasileira. O gesto foi uma resposta à condução do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado da direita norte-americana.
Trump chegou a acusar Lula de perseguir Bolsonaro politicamente, chamando o processo de “witch hunt”. O clima azedou, e alguns economistas brasileiros alertaram que as tarifas poderiam custar até US$ 5 bilhões por ano em perdas comerciais.
Mesmo assim, Lula não recuou. O governo manteve sua posição soberana e política, apostando que a interdependência econômica falaria mais alto. Empresas americanas do setor automotivo, de infraestrutura e energia começaram a pressionar Trump para reconsiderar o tarifaço, diante do impacto sobre suas próprias cadeias de suprimento.
Diante desse cenário, a imagem de Kuala Lumpur é tudo, menos casual. O encontro marca um recuo simbólico do próprio Trump, que preferiu abrir espaço para diálogo a insistir em uma guerra comercial desgastante.
Para o cenário interno brasileiro, o gesto é ainda mais poderoso. A reunião serviu como um recado direto à direita e ao bolsonarismo: Lula mostra-se capaz de fazer Trump descer um tom, algo que nem mesmo aliados conservadores imaginaram possível.
Ao mesmo tempo, o movimento tem claro cálculo eleitoral. Com 2026 se aproximando, Lula se reposiciona como estadista, pragmático e capaz de dialogar até com seus críticos mais ferrenhos.
Mais do que um gesto diplomático, foi uma jogada política interna, habilmente articulada. A direita vai precisar reinventar sua narrativa, e talvez esta seja a primeira vez que precise repensar a figura de Trump dentro dela. Se o próprio líder conservador norte-americano está disposto a sentar-se com Lula, como sustentar o discurso de isolamento?
O encontro entre os dois presidentes é, portanto, um ponto de inflexão tanto nas relações Brasil-EUA quanto na política doméstica brasileira. Lula dá o recado de que pretende chegar a 2026 com a imagem de estadista consolidada, e com a economia, mais uma vez, no centro do jogo diplomático mundial.
Thiago Jacaúna, Especialista em marketing político e tráfego pago, ajudando candidatos e empresas a conquistarem seus objetivos no ambiente digital.





